Reciis: Sob o impacto de setembro





Roberta Carvalho/Reciis


Este terceiro número da Reciis – Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde – Icict, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como mostra a belíssima capa, é dedicada à campanha brasileira pela prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo. A pesquisadora Mariana Bteshe reflete sobre a complexidade e a multicausalidade da questão, nos mostrando que não basta falar sobre o assunto. Com foco na perspectiva do cuidado em saúde mental, a autora discute aspectos fundamentais para a compreensão dos processos comunicacionais, psíquicos e sociais que envolvem o fenômeno.

Não será por meio da racionalidade ou da responsabilização das vítimas que reduziremos os índices de suicídios e tentativas. Ao contrário, nossa melhor chance é um olhar atento e compassivo para o sofrimento profundo vivenciado por quem procurou alívio nesse gesto extremo e também por seus familiares e amigos. É preciso investir na criação e manutenção de espaços de acolhimento, sobretudo, no Sistema Único de Saúde (SUS), diz Bteshe.

A edição foi lançada ainda sob o impacto do incêndio que no dia 2 de setembro destruiu grande parte do acervo do Museu Nacional no Rio de Janeiro. Num dos editoriais, Rosany Bochner, editora científica da Reciis, relaciona a nossa curta memória brasileira com as cinzas do nosso patrimônio ao elencar uma série de incêndios que vêm queimando nossa cultura. A verba que faltava para a preservação aparece em grandes somas para a reconstrução do que foi destruído. Uma conta que nunca vai fechar e só nos deixa mais pobres no sentido mais humano possível.

Este número nos brinda com quatro artigos originais que têm em comum abordagens produzidas a partir das práticas de saúde que envolvem o uso de tecnologias de informação e comunicação. Além de uma análise acerca do papel da mídia na construção da agenda governamental para o SUS, outro destaque é o estudo comparativo entre o estado nutricional de crianças que frequentam três creches no município de Carapicuíba (SP) com o estado nutricional de seus pais, a partir de dados referentes ao consumo alimentar, à classe econômica e à escolaridade. 

Já o ensaio intitulado “A (in)formação científica e humanizada dos profissionais da área de saúde: a literatura nas humanidades médicas” nos oferece uma reflexão sobre o diálogo entre literatura e ciência. O relato de experiência nos apresenta um interessante projeto que propõe o envolvimento de alunos de três escolas públicas estaduais em Belo Horizonte na construção de questões relacionadas à saúde.

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