Indicação de artigo: Ciência, Senso Comum e Revoluções Científicas: Ressonâncias e Paradoxos

Olá!

Hoje, trago a indicação do artigo Ciência, Senso Comum e Revoluções Científicas: Ressonâncias e Paradoxos, publicado em 2004 na Revista Ciência da Informação. O trabalho de Marivalde Moacir Francelin levanta aspectos interessantes a respeito da relação (muitas vezes conflituosa) entre senso comum e conhecimento científico. Alguns pontos de vista consideram esta interação complementar, enquanto outras percepções a interpretam como divergentes.

Uma ideia bastante atraente para nós que estudamos a divulgação científica é a visão de Boaventura de Sousa Santos. No livro Um Discurso Sobre as Ciências, (link no fim da postagem) ele apresenta a ideia de que os conceitos filosóficos surgem do senso comum e que o presente momento histórico aponta para uma ruptura da hierarquia entre conhecimento científico e conhecimento popular, este último definido como o menor denominador comum daquilo que um grupo ou um povo acredita.

Portanto, ao contrário da ciência moderna, que desconsiderava o senso comum, as pesquisas pós-modernas devem incorporar também o conhecimento popular.

“A ciência pós-moderna, ao sensocomunizar-se, não despreza o conhecimento que produz tecnologia, mas entende que, tal como o conhecimento se deve traduzir em auto-conhecimento, o desenvolvimento tecnológico deve traduzir-se em sabedoria de vida” - Boaventura de Sousa Santos.

O artigo também traz visões apresentadas no livro Filosofia da Ciência e da Tecnologia. Nele, o autor Regis de Morais (1988) constata significativas diferenças entre ciência e senso comum: a primeira estrutura-se no experimento e na sistematicidade metodológica, enquanto o segundo constrói-se pela experiência.

Marivalde Moacir Francelin também insere discussões a respeito da definição de ciência, uma atividade que em geral os filósofos preferem abster-se por três motivos, segundo Newton Freire-Maia (1998): 1) pelo o fato de toda definição ser incompleta; 2) pela própria complexidade do tema; 3) e pela falta de acordo entre as definições.

Entre as articulações de ideias, a autora se vale de pensamentos de Alfred North Whitehead (1946), para quem a filosofia da ciência possui grande importância. Além de permitir discussões a respeito da ética e da moral, da política, dos paradigmas e métodos, da epistemologia etc; este conhecimento do conhecimento pode atuar como elemento unificador das disciplinas.






Abraços e boas leituras!

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