O valor, o preço e o custo da informação

Artigo de Aldo Barreto.

A informação é muitas vezes indicada como mercadoria* de consumo ou um bem econômico para facilitar sua inserção no mundo dos negócios, das tecnologias e, até, em disciplinas do mundo acadêmico. Talvez devido à nova economia da web  a abordagem da informação como  produto voltou ao foco de reflexão.

Porém, em termos econômicos, a informação [conteúdo] seria um bem econômico  torto, por não possuir os atributos necessários para esta caracterização, isto é: não tem uma clara unidade de medida; não é divisível e sim abundante;  não é escassa,  não se extingue com o consumo, e, sobretudo quando consumida não se transforma em propriedade do consumidor;  sua posse pelo usuário mesmo quando defendida por condições legais é de difícil manutenção.

Seu  valor  é dependente do sujeito que a necessita. A abordagem econômica descreve este valor como subjetivo e determinado pela interação entre um conteúdo em uma determinada base e um o sujeito. O valor de uma informação é relativo ao indivíduo que a deseja  por razões da utilidade de seu significado. Não terá qualquer valor esta mesma informação para outro indivíduo que não a qualifica como relevante. Assim é uma falácia pensar em agregar valor ao conteúdo de  uma informação que nada vale na escala de valores daquele indivíduo que a renega por não precisar dela. A um acervo de informação pode-se agregar custos para sua maior eficácia como uma infraestrutura de  recuperação e repasse.

O mercado de informação é atormentado pela relação:  preço, custo e valor. A mesma "mercadoria" * informação possui uma valor diferente para diferentes consumidores. Configurar um preço de equilíbrio é impossível, pois tal preço pode estar muito abaixo ou muito acima do que diferentes usuários, com diferentes necessidades, lhe atribuem e estão dispostos a pagar por ela no mercado.  Fácil seria colocar preço no objeto livro, no periódico, no jornal, no disco, mas então, estamos falando da base e não do conteúdo.

Por razões semelhantes o conteúdo de informação, também, não é um insumo ou um fator de produção; por definição (na teoria da produção) todo fator de produção (insumo) perde suas características, desaparece, no processo de produção que faz  surgir o novo produto. E isto não acontece com a informação. Por exemplo, as meadas de algodão desaparecem quando da fabricação de um casaco. Existe informação juntada em todo o processo de produção do casaco, mas ela permanece igual, após a finalização da produção do casaco.

O conteúdo de uma informação é imaterial não têm existência física é em um ativo intangível, pois está associado a não materialidade do bem. Este ativo intangível se modifica unicamente quando se transforma em conhecimento na consciência de um usuário.

Seguindo esta linha de reflexão lembramos que o conceito de valor é relativo e específico para cada indivíduo, de acordo com a sua escala de preferências, com a sua hierarquia de desejos. Um  indivíduo valoriza o conhecimento - A -  em relação ao conhecimento - B - dentro desta escala de preferências. Neste caso, o valor do conhecimento A, para cada indivíduo, vai depender:

        I. De sua preferência pelo conhecimento A em detrimento ao conhecimento B;

        II. Da sua competência cognitiva em decodificar A e B e assim tornar possível uma  comparação e uma apropriação;

        III. Do conhecimento  A  e do conhecimento  B  estarem em um código que seja simbolicamente  significante para o receptor que as avalia.

Quando no julgamento do usuário, o valor do conhecimento A é maior que o valor do conhecimento B, ele efetuou uma decisão de utilidade entre duas coisas. Portanto, o valor entre duas opções é relativo e só se efetiva com a potencialidade da absorção daquele conhecimento pelo receptor.

Todo ato de conhecimento está associado a um conteúdo simbólico e representa uma  cerimônia com ritos próprios e uma passagem simbolicamente mediada  para um receptor da informação. O valor de troca, de mercado ou valor adicionado, no mundo simbólico dos conteúdos, são medidas imponderáveis.

Fonte: http://abarretolexias.blogspot.com.br

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