Entrevista: Sergio Rezende fala sobre ciência, carreira, educação e política
Foto: Antonio Cruz / ABr |
Após
40 anos dedicados à gestão científica, o físico Sergio Machado Rezende retornou à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para ser
cientista integralmente, e diz pretender seguir este caminho. Desde que deixou
o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em 2010, o cotidiano
dele tem sido em laboratórios, congressos, palestras e entrevistas, como
esta realizada pelo blog Dissertação Sobre Divulgação Científica.
Além
de falar sobre a própria carreira, durante a entrevista, Sergio Rezende comentou a
respeito da realidade e das perspectivas científicas nacionais, da educação e da polêmica lei que reestrutura o plano de carreiras do magistério público federal, assim como sobre política –
incluindo a possibilidade do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) se
candidatar à Presidência da República.
Breve perfil do entrevistado
Sergio
Machado Rezende nasceu em 03 de outubro de 1940, no bairro de Botafogo – clube de
futebol para o qual torce -, no Rio de Janeiro. Filho de pai advogado e mãe dona
de casa, ele cursou o primário na escola municipal Pedro Ernesto e o ensino
médio no Colégio da Aplicação da então Universidade do Brasil. No vestibular, embora gostasse de
física, optou pela Engenharia Eletrônica na Pontifícia Universidade Católica
(PUC-RJ - conclusão em 1963), até mesmo porque, além de se interessar pelas comunicações, nos anos
1950, a ciência brasileira era muito pouco desenvolvida.
Durante
a graduação, ele se aproximou mais do ambiente acadêmico, através de uma bolsa de
iniciação científica, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que obteve por dois anos, apoio considerado por Rezende de
relevância ímpar para descobrir novos talentos para a pesquisa. Como não havia
programa de mestrado no Brasil naquela época, ele foi incentivado por um
professor a cursar o mestrado (1965) e o doutorado (1967) no Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Cambridge, nos Estados Unidos.
De
volta ao Brasil, o então professor da PUC-RJ foi convidado para estruturar um
grupo de pesquisas em física na UFPE, o que aceitou, após certa hesitação. Em Pernambuco,
ele também foi: chefe do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da UFPE; secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente; secretário
do Patrimônio, Ciência e Cultura, da Prefeitura de Olinda; e diretor científico
da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), a primeira FAP do Nordeste. Outros
cargos de gestão dele foram a presidência da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep) e o próprio MCTI.
Confira a entrevista:
Qual a dinâmica e rotina a sua
carreira assumiu após o senhor deixar o MCTI?
Sergio Rezende: Desde meados de 2010, eu comecei a ter a vontade de me dedicar com mais intensidade às minhas atividades de pesquisa, até porque
durante os meus 40 anos de carreira, eu não havia reservado um período para ser
cientista integralmente. Mesmo como gestor, sempre procurei reservar parte do tempo
para a produção científica, mas hoje é diferente, porque é o meu trabalho
principal.
O
meu cotidiano é o de um pesquisador. Basicamente, leio e produzo muitos papers, participo de conferências e
atendo a convites para proferir palestras e conceder entrevistas. Há poucos
dias, por exemplo, participei da aula-inaugural da pós-graduação em física da
Universidade Federal do Ceará (UFC), onde falei sobre o tema A Física no
Brasil, apresentando aspectos da pesquisa em si, a política científica e também
fatos históricos.
Confesso
que precisei me adaptar à nova rotina, que é menos movimentada do que antes,
mas estou muito satisfeito. Pela primeira vez, tenho a oportunidade de pesquisar
e ser competitivo internacionalmente em minha área, que é a de materiais
magnéticos.
O
senhor pretende seguir realizando pesquisas ou ainda pensa em retomar às atividades
políticas e de gestão?
Sergio Rezende: Neste momento, o meu interesse é mínimo em assumir cargos administrativos. Até recebi convites desde a
minha saída do Ministério, mas tenho conseguido recusá-los. Estou
cientificamente realizado, mas se em algum momento eu não tiver o retorno e o
êxito esperados, terei a iniciativa para atuar em outros segmentos
profissionais, como o de gestão mesmo.
Porém,
a quantidade de convites para dar palestras, inclusive fora do Brasil, sobre a
minha área de trabalho indica que o meu norte, atualmente, é o da pesquisa em
física. E um grande interesse tem sido pela spintrônica,
que é a eletrônica feita com o spin do elétron.
O
que o senhor aprendeu como ministro?
Sergio Rezende: Eu aprendi bastante a trabalhar
melhor coletivamente, a ouvir outras pessoas. A elaboração do Plano de Ação
(PACTI) 2007-2010 foi um ótimo exercício para eu desenvolver este lado, pois foi preciso dialogar com muitos setores e profissionais com visões e
características distintas. Através destes contatos, tive a oportunidade de me
expor, ainda que superficialmente, à realidade de outros campos do conhecimento,
como a astronomia e a biotecnologia.
Outro
aprendizado foi a difícil convivência com os políticos, que em geral são
imediatistas e atuam com propósitos eleitoreiros, prejudicando um planejamento
mais sólido e consistente do sistema de C,T&I. Claro que há exceções, mas a
grande maioria dos políticos é pragmática e com visão limitada. Essa postura
reflete o espaço da ciência na sociedade, em que os setores das pesquisas ainda
são pouco valorizados no Brasil, motivo pelo qual o MCTI não é, politicamente,
um órgão tão atraente e visado. Afinal, só começamos a fazer ciência há muito
pouco tempo.
O
PACTI 2007-2010 foi a sua principal medida no MCTI?
Sergio
Rezende: Certamente.
Tive a ideia deste Plano quando o presidente Lula anunciou o Plano de
Aceleração do Crescimento (PAC), o que me estimulou a criar mecanismos para que
o segmento científico e tecnológico também pudesse participar desta oportunidade
oferecida pelo governo federal. Apresentei as ideias gerais do PACTI ao então presidente,
conversamos durante alguns meses, procuramos articular outros ministérios e órgãos,
até a elaboração do documento, que foi muito bem-sucedido. Fiquei bastante
feliz por isso.
O senhor gostaria de ter
implementado no MCTI alguma medida, mas por determinado motivo deixou de fazer?
Sergio Rezende: Sim. Uma delas é a implantação de
cinco novos centros de pesquisa do MCTI, com o objetivo de distribuir melhor as
unidades de pesquisa do Ministério. Nós enviamos um Projeto de Lei (PL) ao
Congresso Nacional, em julho de 2010, porque esta iniciativa só pode ser concretizada
por meio de lei. As instituições a serem criadas pelo PL são: o Centro de
Tecnologia Estratégica do Nordeste, em Recife; o Instituto Nacional das Águas,
com sede em Foz do Iguaçu-PR e em Minas Gerais; o Centro Nacional do Pantanal; o
Instituto Nacional da Mata Atlântica; e o Centro de Tecnologia de
Microeletrônica, em Porto Alegre-RS.
A
outra medida que eu gostaria de ter finalizado é a consolidação do Sistema
Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), formado por um conjunto de unidades de
pesquisa com o objetivo de aumentar a articulação entre universidade, centros
de pesquisa e empresa.
Quais são as suas expectativas destas duas medidas serem concretizadas?
Sergio Rezende: Eu tenho boas esperanças que as
propostas sejam efetivadas e tenham sucesso. Sobre o Sibratec, o documento Estratégia
Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, do MCTI, prevê a consolidação do
sistema, através da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial
(Embrapii), criada em 2011. Embora esta ainda não tenha recebido muitos
recursos e obtido os resultados esperados, espero que nesta segunda metade do
governo da presidenta Dilma Rousseff, haja um significativo avanço.
Em
relação aos cinco institutos, o projeto está para ser aprovado no Congresso,
onde já passou por algumas comissões e acredito que deva ser aprovado, ainda
este ano.
O senhor comentou sobre o documento
“Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação” - com previsão de investimentos
da ordem de R$ 75 bilhões, para 2012-2015? Como o senhor avalia esta proposta?
Sergio Rezende: O documento está bem elaborado e
representa, em termos de metas e estratégias, uma expansão das políticas
empregadas anteriormente. Nesse sentido, é positivo. Porém, o orçamento é
global, sem especificações detalhadas das fontes de investimentos. Nos últimos
anos, não houve um crescimento dos recursos destinados à C,T&I. Portanto, é
preciso um acompanhamento e uma avaliação para corrigir os valores e nos
adequarmos ao momento e ao ritmo do processo.
Podemos considerar a Embrapii
como a grande aposta do governo para aproximar os setores da pesquisa e da
indústria/empresa?
Sergio Rezende: Podemos, sim. A Embrapii se
inspira num modelo de sucesso e altamente competitivo internacionalmente, que é
o da Embrapa, empresa com história consolidada em pesquisa e inovação, o que
permite aos produtos brasileiros adquirir qualidade e preço nos mercados
globais. E se tudo der certo, a Embrapii vai conseguir colocar na agenda das
empresas nacionais os processos de inovação, pesquisa e desenvolvimento.
Sergio Rezende em simpósio no Japão, em 2011, ao lado de Heinrich Horer, Prêmio Nobel de Física |
Sergio Rezende: Desde a fundação da Embrapa, os
primeiros gestores já perceberam a impossibilidade de concentrar somente nesta
instituição todas as atividades necessárias para a agricultura e o agronegócio,
porque as regiões brasileiras são muito diversificadas, com características bem
peculiares. A partir de então, buscou-se a parceria com institutos estaduais,
que passaram a receber recursos para desenvolver as pesquisas adequadas às
próprias territorialidades. Houve uma descentralização das operações.
Outra medida essencial foi a cooperação com as
universidades, como as universidades federais rurais. Além disso, estudos de
áreas estratégicas permitiram ao Brasil desenvolver produtos em qualquer ramo
da agricultura e da agropecuária, beneficiando o domínio de certos
conhecimentos dos quais antes indispúnhamos de tradição. Por exemplo, na década
de 1960, o país não produzia soja, ao contrário dos Estados Unidos e da
Argentina. Hoje, somos um dos principais produtores mundiais deste grão.
Retornando
à Embrapii, creio que esse pensamento será aplicado ao Sibratec e
nós vamos conseguir atingir um patamar elevado de inovação.
Qual é o papel das universidades
no processo de inovação?
Sergio Rezende: As pesquisas são muito
importantes nas universidades, mas a função delas é, basicamente, a formação de recursos
humanos, tanto na graduação quanto na pós-graduação. A qualidade dos
profissionais que atuam ou vão atuar nas atividades de inovação de produtos, serviços e
processos está diretamente relacionada ao papel da universidade, à qual não cabe atingir
a etapa final.
Para
formar pessoal e elaborar boas dissertações de mestrado e teses de doutorado,
muitas vezes o importante é apontar caminhos, dentro de uma linha flexível de trabalho.
Não deve-se traçar precisamente um alvo a ser conquistado. Em qualquer lugar do
mundo, o que as universidades fazem é formar recursos humanos e gerar
conhecimento, principalmente em pesquisa básica.
Recentemente, publiquei no blog
uma entrevista com o deputado Romário sobre um Projeto de Lei, de autoria dele,
que visa facilitar a importação de produtos para pesquisas. Qual é a sua
opinião sobre o tema?
Sergio Rezende: Este é, certamente, um dos
empecilhos para a pesquisa brasileira. Na minha área de trabalho, que é a
física experimental, há muita demanda por produtos importados, embora aqui em
Pernambuco tenhamos bastante capacidade de construir equipamentos de
eletrônica. Portanto, presencio de perto este problema. Ano passado, por
exemplo, o nosso grupo fez uma solicitação, cujo produto importado demorou
praticamente um ano para chegar, o que representa um prejuízo para a pesquisa,
que requer agilidade.
Nas
áreas biológicas, esse fator é ainda mais grave, porque além das autorizações compartilhadas
com outros campos, há ainda o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), enquanto que na agropecuária, a autorização é do Ministério da
Agricultura.
Por
isso, o Plano de Ciência e Tecnologia 2007-2010 previu ações, principalmente
relacionadas à Receita Federal, para facilitar esse processo de importação.
Muitas providências foram tomadas, mas de fato ainda não resolveram o problema,
embora tenham aperfeiçoado o processo. Por isso, vejo com bons olhos o projeto
do deputado Romário e espero que seja aprovado o quanto antes no Congresso
Nacional.
Qual é o seu posicionamento a respeito da lei que reestrutura o plano de careiras do magistério público federal (12772/2012)?
Sergio Rezende: Na minha opinião, essa lei
representa grandes retrocessos na carreira dos professores das universidades
federais. Segundo a regra que vigorava de 1974 até então, o título de mestre
era requisito para ser professor-assistente, enquanto que o de doutor permitia
ao profissional ser professor-adjunto ou titular.
Os
concursos públicos, portanto, exigiam diplomas correspondentes, mas com a nova lei,
o ingresso na docência se dá exclusivamente pelo menor nível, que é o de
auxiliar de ensino, mesmo que o candidato tenha o doutorado. Hoje, é possível que um docente
atue no segmento como adjunto, sem ser doutor. Outra falha é o fato de o
professor só poder ser titular, pelo menos, vinte anos após o doutoramento.
A
lei, aprovada numa demanda confusa, é prejudicial à universidade brasileira,
que fica numa situação até vexatória em comparação com outras instituições
educacionais no mundo. Felizmente, tem havido alguma mobilização para que o
texto seja revisto e os problemas sejam contornados. A Sociedade Brasileira
Para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC)
são duas entidades engajadas neste esforço, assim como o nosso
departamento de física aqui da UFPE, que elaborou um documento com análises
da questão e sugestões para a alteração da lei.
Qual a sua perspectiva em relação
à possibilidade dos recursos do pré-sal serem destinados à C&T?
Sergio Rezende: Uma grande inovação feita pelo
Brasil em prol do financiamento da ciência foi a criação dos fundos setoriais,
cujo de maior volume é o dos royalties do petróleo. Portanto, a ideia que
envolve os recursos do pré-sal direcionados à C,T&I é uma
evolução de propostas já implementadas.
A
nossa preocupação é sobre os investimentos prolongados na ciência, pois como o
setor científico não possui impacto e visibilidade sociais a curto prazo,
muitos políticos com visões imediatistas podem lutar para que tais recursos
sejam destinados a outros objetivos com mais capacidade de atrair a simpatia da
população. Portanto, definir através de regras claras o montante a ser aplicado
na C,T&I é essencial para que as pesquisas tenham continuidade a ponto de
gerarem os benefícios dos quais o país precisa.
Qual
é o espaço das ciências humanas e sociais no sistema de C&T?
Sergio Rezende: Elas têm um espaço muito
importante para o país no processo científico. Atualmente, há grupos com pesquisadores
de nível elevado, que possuem competitividade e reconhecimento internacional,
fruto de décadas de investimentos. As ciências humanas e sociais demoraram a
receber recursos e apoio para as pesquisas e a pós-graduação, se compararmos
com as ciências exatas e naturais, mas o quadro hoje é outro, bem favorável.
Qual
é o espaço da divulgação científica no sistema de C,T&I?
Sergio Rezende: O Brasil tem ótimos exemplos de
divulgação científica realizada com sucesso, como os museus Espaço Ciência, em
Recife, Estação Ciência, em São Paulo, Estação Ciência, Cultura e Artes, em João
Pessoa-PB, e o museu da Pontifícia Universidade Católica, em Porto-Alegre-RS.
Todos eles possuem importantes canais de proximidade com escolas. Além disso,
devo destacar algumas iniciativas da SBPC, como a revista Ciência Hoje, o
Jornal da Ciência e o JC e-mail.
Por
outro lado, o trabalho da grande mídia na cobertura de ciência é muito ruim,
pois só se interessa por boas pesquisas internacionais ou desastres aqui no
Brasil. Dificilmente há matérias que destacam positivamente a C,T&I
nacional.
Em entrevista a um programa de
televisão, o atual ministro da C,T&I, Marco Antônio Raupp, deu nota 7 para
a ciência nacional? O senhor concorda com ele, ou daria outra nota?
Sergio Rezende: A minha avaliação é bem parecida
com a do ministro, pois atribuo a nota 6,5 à ciência brasileira. O setor estará
em posição mais satisfatória quando aumentarmos a qualidade da nossa pesquisa
básica e aplicada, a quantidade das publicações e melhorarmos a distribuição
geográfica da ciência.
O senhor é filiado ao PSB,
substituiu o atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, no MCTI e
trabalhou com o avô dele, Miguel Arraes, três vezes governador do Estado. Qual
é a sua interpretação sobre a possibilidade do Eduardo Campos se candidatar à
Presidência?
Sergio Rezende: Ele é um gestor altamente
competente, está fazendo um grande governo em Pernambuco, onde estou há 40 anos
e nunca vi um governador tão popular quanto ele. Porém, entendo ser mais
natural a candidatura do Eduardo Campos à Presidência em 2018, porque a
presidenta Dilma Rousseff deve buscar a reeleição e o PSB compõe a base do
governo.
Por
outro lado, Campos, como um político habilidoso e ambicioso, pode se lançar já
para as eleições de 2014. Só espero que a decisão seja tomada no momento certo,
não agora, e que ele evite aliar-se com a direita da política brasileira. O
governador possui uma história com os movimentos de esquerda, pela justiça
social e distribuição da renda, vínculo que deve ser sustentado.
Qual
a sua opinião sobre a conquista da Amazônia pela C,T&I, uma bandeira do Ministério?
Sergio Rezende: Amazônia é uma área vastíssima e
sofre com o desmatamento. Felizmente, nos últimos dez anos, devido a ações dos
governos federais e estaduais, o desflorestamento tem sido reduzido. A riqueza
da região nos permite explorar recursos que vão muito além da madeira, cujo uso
é o mais primário. Muitos medicamentos são feitos a partir de princípios ativos
que estão na natureza, e um desafio de C&T é descobrir onde estão e como transformá-los
em produtos comerciais e úteis.
O Brasil possui um esforço científico na Amazônia, mas ainda está aquém das nossas necessidades e demandas. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) faz um trabalho muito bom em alguns setores, mas quase não tem atividades de biotecnologia. Por outro lado, foi criado há cerca de dez anos o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que funciona mal, está vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio e ligado também à Zona Franca de Manaus. Esta não é a melhor alocação institucional para ele, que deveria estar ligado à Embrapa ou ao MCTI. A Amazônia é uma preocupação, porque a capacidade de gerar riqueza está longe do ideal.
O Brasil possui um esforço científico na Amazônia, mas ainda está aquém das nossas necessidades e demandas. O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) faz um trabalho muito bom em alguns setores, mas quase não tem atividades de biotecnologia. Por outro lado, foi criado há cerca de dez anos o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), que funciona mal, está vinculado ao Ministério da Indústria e Comércio e ligado também à Zona Franca de Manaus. Esta não é a melhor alocação institucional para ele, que deveria estar ligado à Embrapa ou ao MCTI. A Amazônia é uma preocupação, porque a capacidade de gerar riqueza está longe do ideal.
Há
algum tópico sobre o qual o senhor gostaria de comentar, mas deixamos de abordar
na entrevista?
Sergio Rezende: Gostaria apenas de deixar claro os dois
grandes desafios para a C,T&I e o desenvolvimento nacional. Um deles é o
investimento de forma contínua e ampliada no setor científico. O Brasil investe
cerca de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em ciência, enquanto que os países
desenvolvidos destinam mais de 2% ao segmento. Nos EUA e na Alemanha, por
exemplo, esse índice é de 2,7%, e em Israel, um país pequeno e bastante
dependente de tecnologia, o montante é de 5%. O outro desafio requer mais do
que recursos financeiros, pois remete à mudança cultural e de mentalidade dos
empresários para incorporar a inovação no processo produtivo.
Apesar
das dificuldades, sou bem otimista, até porque a realidade científica nacional
melhorou consideravelmente nos últimos dez anos, e a expectativa é positiva
para a década seguinte, na qual vamos celebrar os 200 anos de independência...
formal, porque a independência real só chegará quando adquirirmos autonomia
para decidir por nós mesmos sobre qualquer assunto, e isso remete, necessariamente,
à maturidade científica.
Este é e será o meu eterno MINISTRO do MCTI.
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