Deputado Romário fala sobre projeto em favor da C,T&I
Embora a imprensa destaque a atuação do deputado federal Romário de Souza Faria ligada principalmente ao esporte, o parlamentar também tem demonstrado ser um representante da comunidade científica brasileira. Um dos mais recentes gols de placa do ex-centroavante da seleção brasileira é o Projeto de Lei 4411/2012, cujo objetivo é alterar a lei 8.101/1990, eliminando as dificuldades que os pesquisadores enfrentam no processo de importação de materiais.
O PL prevê um cadastro nacional de instituições e profissionais autorizados a importar relevantes produtos, em benefício do desenvolvimento científico e tecnológico nacional. Os artigos seriam retirados da alfândega sem burocracia e de forma isenta de cobranças pela Receita Federal e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A proposta baseia-se no fato de que "76% dos cientistas brasileiros já perderam material científico na alfândega, 99% resolveram mudar os rumos de suas pesquisas em virtude das dificuldades para importar os reagentes necessários, enquanto 92% têm de esperar no mínimo um mês pela chegada dos reagentes".
O parlamentar se mostra otimista com a receptividade do projeto, que atualmente aguarda parecer da Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), da Câmara dos Deputados, onde ainda vai passar pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, pela Comissão de Finanças e Tributações e, finalmente, à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - a princípio, não é necessário ir ao plenário, pois trata-se de um projeto de apreciação conclusiva pelas comissões.
Entrevistado: breve perfil do deputado
Pai de seis filhos, Romário, 47 anos, foi eleito deputado federal pelo PSB-RJ com 146.859 votos, em outubro de 2010. Muitos desconfiavam do desempenho dele no Congresso, mas o eterno camisa onze tem recebido elogios pela atuação, sendo até mesmo apontado como um dos parlamentares mais influentes e assíduos nas sessões legislativas.
Em Brasília, ele é presidente da Comissão de Turismo e Desporto, vice-presidente da Frente Parlamentar da Pessoa com Deficiência e diretor de Assuntos Esportivos e Acessibilidade da Frente Parlamentar da Atividade Física.
Confira a entrevista
O
que o motivou a elaborar o PL 4411/2012?
Romário: Uma das minhas bandeiras de atuação é
a atenção às pessoas com doenças raras. Estas enfermidades, também conhecidas
como doenças órfãs – por terem baixa incidência – normalmente não têm cura,
são graves, degenerativas e causam grande sofrimento a inúmeras famílias. É aí que
entra a pesquisa científica. Medicamentos e cura só podem vir pela ciência, e por
isso temos que incentivar o setor. O projeto é fruto de uma mobilização de
pesquisadores, pois foram eles que me procuraram quando souberam da minha
atuação na área de doenças raras.
Quais
são as burocracias que atrapalham a importação de importantes materiais para o desenvolvimento de pesquisas?
Romário: Além dos altos preços, há a demora como o principal empecilho. Alguns produtos demoram entre 45 e 60 dias para chegar.
Já
há uma metodologia definida quanto aos critérios para a seleção dos
pesquisadores autorizados a retirarem sem burocracia os produtos?
Haveria limite de retirada para os profissionais cadastrados?
Romário: O
projeto define que os cientistas cadastrados no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) terão seus materiais
liberados automaticamente. A proposição está sendo analisada por outros
parlamentares, que como relatores, podem sugerir alteração, complementar e
impor estes limites. A proposta original não apresenta alguma limitação, apenas
impõe os rigores da Lei aos pesquisadores que causarem dano ao meio ambiente
e/ou à saúde.
Como
seria o controle para evitar que pesquisadores utilizassem o serviço para fins
aquém das pesquisas científicas?
Romário: Este controle já é feito pela Anvisa. O projeto apenas libera com mais rapidez os
materiais.
Os
produtos dos quais tratam o Projeto de Lei são referentes a todas as pesquisas
ou restringem-se a determinados segmentos do sistema de C&T nacional?
Romário: A todas as pesquisas científicas, sem
restrições.
Romário visita um centro de atendimento de autistas no Distrito Federal |
Atualmente,
um pedido pode demorar, segundo o PL, até 90
dias para chegar ao solicitante. A expectativa é reduzir para quanto tempo de
espera?
Romário: O projeto determina a liberação
imediata e total isenção de impostos, ou seja, assim que chegar ao Brasil, deve logo ser encaminhado ao destino.
Que
tipo de barreiras você acredita encontrar para conseguir a aprovação do
projeto na Câmara?
Romário: O PL foi muito bem aceito, até agora,
todos parecem compreender a importância desta mudança para o país. Não enxergo
barreiras, apenas a tramitação demorada.
Em
geral, as suas atuações na Câmara dos Deputados são conhecidas por assuntos
ligados, principalmente, ao esporte. Como ocorreu essa aproximação com temas
relacionados à pesquisa científica e tecnológica?
Romário: Na verdade, a minha principal
bandeira é a síndrome de Down (da qual é portadora Ivy, 7 anos, a filha caçula do parlamentar), foi esta alteração genética que me fez entrar na
política. A atuação na área do esporte veio depois. A síndrome me
aproximou dos deficientes físicos e das doenças raras.
Você pretende ser um constante representante de causas científicas
também, ou trata-se de uma medida isolada?
Romário: Algumas demandas chegam a mim pela
sociedade, como foi o caso deste projeto. Porém, a minha atuação está focada
nas pessoas com deficiência, doenças raras, combate às drogas e esporte. Minha
preocupação não é apresentar um grande número de projetos, mas colaborar com
estas áreas. Neste sentido, podem aparecer demandas correlacionadas à ciência,
como é o presente caso.
Qual
é a diferença do seu projeto em relação ao CNPq Expresso?
Romário: Ambos preveem a rapidez na liberação,
porém o PL isenta os cientistas de impostos. Além disso, o CNPq Expresso é
um ato normativo, enquanto que a minha proposta muda a legislação federal
e dá mais segurança aos pesquisadores.
Bruno, sugiro que voê dê uma lida na matéria que escrevi no último boletim da FAPERJ para ver o que o pesquisador fala sobre esta polêmica lei. Segue abaixo o link:
ResponderExcluirhttp://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=8947
Abraços, Vinicius.
Olá, Vinicius! Muito interessante a matéria, vou aproveitá-la para o blog. Abraços!
ResponderExcluirBruno, será uma honra. Obrigado. Abraços.
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