Laureada do prêmio José Reis de Divulgação Científica, Fiocruz resgata a trajetória da Instituição

Nísia Trindade Lima, Vice-Presidente de Ensino, Informações e Comunicação, evidenciou vínculo entre a Fiocruz e a história da pesquisa em Saúde no Brasil

Aconteceu nesta terça-feira, a conferência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), laureada deste ano do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica, na 67ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) até o próximo sábado. O Prêmio, instituído pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 1978, é concedido anualmente a iniciativas que contribuíram para tornar a Ciência, a Tecnologia e a Inovação conhecidas do grande público, como uma homenagem ao médico, pesquisador, jornalista e educador José Reis, considerado o pioneiro do jornalismo científico do Brasil.

A abertura da conferência foi realizada pelo Presidente do CNPq, Hernan Chaimovich, que enfatizou a evolução da Fiocruz de uma instituição criada em 1900 para conter a epidemia de peste bubônica para uma das maiores produtoras de vacinas do País e que vem constantemente repensando a sua missão. “Existem poucas instituições como a Fiocruz, que vem crescendo ao longo desses mais de 100 anos, coerente com o seu objetivo ligado à saúde pública, mas sempre voltada à divulgação científica e à educação no País. O prêmio vem tarde, mas vem justamente”, afirmou o Presidente.

A palestra “Divulgação científica, saúde e cidadania” foi ministrada pela Vice-Presidente de Ensino, Informações e Comunicação da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, que fez um traçado da trajetória da Fundação, associada à própria história da divulgação científica e da educação no Brasil. Criada para resolver um problema de necessidade imediata, desde seu início já se pensava que era fundamental para a Fiocruz também investir no trabalho de pesquisa e na comunicação científica.

Outra característica do trabalho desempenhado pela Fiocruz é o fato de suas atividades não se restringirem aos grandes centros urbanos. Foram realizadas importantes expedições ao interior do Brasil em missões de profilaxia e que acompanharam a extensão do território nacional, como a ampliação das estradas de ferro e as ações de mitigação do problema da seca. Segundo Trindade Lima, essas expedições tiveram consequências na forma de se enxergar o próprio País, com uma dessas expressões imortalizadas por Monteiro Lobato na forma do personagem Jeca Tatu.

“Se tratava de uma militância desses médicos, pesquisadores da Ciência que iam constituindo uma certa representação da sociedade e que estava, claro, ligada aos preconceitos de uma sociedade mal saída da escravidão. Associada a uma ideia de que era possível superar os problemas por meio de medidas de saúde e educação, mas com um olhar preconceituoso sobre essa população”, ponderou a conferencista.

Ao longo de sua fala, a palestrante fez questão de frisar que as histórias da Fiocruz, da pesquisa em Saúde e da própria política do País estão fortemente interligadas, lembrando que Leopoldo De Meis, um dos homenageados desta edição da Reunião Anual da SBPC, foi discípulo de Oswaldo Cruz, e que vários cientistas da Instituição foram cassados pela ditadura militar.

Trindade Lima finalizou sua palestra apresentando algumas iniciativas atualmente mantidas pela Fiocruz, como a proposta de um programa de mestrado em divulgação científica e uma pós-graduação em Ensino de Biociências e Saúde; a criação do Museu da Vida e da Agência Fiocruz de Notícias, voltada ao jornalismo científico e à produção de vídeos, simpósios e dos guias de centros e museus, além da atualização de sua missão institucional, que tem como valores centrais a defesa do direito à saúde e da cidadania ampla.

“Por último, eu gostaria de reforçar a ideia de que nós estamos muito orgulhosos e felizes com esse prêmio, mas gostaria de compartilhá-lo com todos aqueles que trabalham a divulgação e a educação científica no País”, finalizou.

Fonte: Ascom UFSCar.

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