‘Mexeu com um juiz, mexeu com todos’, diz antropólogo Roberto da Matta

João Carlos Correa processou a agente que disse
que “juiz não é Deus”
Foto: Márcio Alves / O Globo
Juiz não é Deus”. A frase dita pela agente de trânsito Luciana Silva Tamburini e condenada por desembargadores da 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio provocou uma repercussão nas redes sociais. Há 55 anos, um dos mais prestigiados antropólogos do país, Roberto Da Matta, explicava, no livro “Carnavais, malandros e heróis”, o “Você sabe com quem está falando?”, frase tão usada por autoridades, para demonstrar poder. Na opinião de Da Matta, a decisão judicial é corporativista e escancara a desigualdade da sociedade brasileira.

— Esse caso mostra o princípio da hierarquia, é exatamente “Você sabe com quem está falando?”. Nessa sociedade em que vivemos, a distância do prestígio entre as duas carreiras é tão grande que, quando ele se referiu a ela como juiz, ele tentou eliminá-la da situação. A decisão dos desembargadores é pior ainda. É o “Você sabe com quem está falando?” coletivo. É um recado: não se meta com juízes. Mexeu com um juiz, mexeu com todos. Vai ser punido — ironiza.

Para o pesquisador, o caso mostra que as leis são feitas para serem cumpridas por todos, mas o “Você sabe com quem está falando?” permite que alguns consigam burlar regras impunemente. Para explicar, Da Matta faz analogias com o direito a celas especiais para pessoas com curso superior completo e com as regras do futebol.


Fonte: Jornal Extra.

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