A Longa História De Uma Relação: A Bactéria Helicobater Pylori E O Estômago Humano
próxima palestra ocorre dia 12 de abril, às 10h
Para estudar as transformações da Helicobacter pylori,
bactéria associada a doenças como úlcera, gastrite e câncer que vive na
mucosa do estômago de 80% da população portuguesa e de 50% da população
mundial, o professor de sociologia Centro de Estudos Sociais da
Universidade de Coimbra, José Arriscado Nunes, traz para o campo das
humanidades o conceito de difração, originado na física. “Neste caso, a
difração é o encontro e a associação estreita de duas espécies
diferentes”, diz ele, ao explicar que a ideia é estudar as modificações
da bactéria no curso de sua história. “Falamos de uma coevolução de 50
mil anos”, período em que, acredita-se, ocorre a coexistência entre os
homens e este microorganismo.
Em sua palestra, no dia 22 de março, a primeira do semestre da série
conhecida como ‘Encontro às Quintas’, o pesquisador traçou a trajetória
da Helicobacter pylori. Ao longo do tempo, o parasita vem
provocando percepções alternadas, ora sendo identificado como “entidade
inexistente no ambiente ácido do estômago” outra como “entidade
patogênica responsável por infecções”. Despertou atenção, em 2005,
quando os médicos australianos Robin Warren e Barry Marshall ganharam o
prêmio Nobel de medicina ao derrubar a crença centenária de que não
sobreviveria no estômago.
Hoje a utilização de antibióticos para combater a Helicobacter pylori
suscita controvérsias e novos estudos vêm sendo desenvolvidos em campos
como a genética, a biologia e a epidemiologia, em que são discutidos os
riscos da erradicação do microorganismo. Já se sabe que sua presença no
esôfago reduz os sintomas da asma e há indícios de que a existência do
parasita no organismo evite a obesidade.
Isso tudo, segundo José Arriscado, “tem a ver com os efeitos das
interferências humanas e os diferentes resultados que se obtêm.” As
bactérias agridem o organismo humano, mas nos últimos anos passaram a
ser desenvolvidas com virulência atenuada, e funcionam como
transportadores de vacinas.
“Mulheres, mães e médicos: discursos maternalistas no Brasil na
década de 1920” é o tema da próxima palestra, de Maria Martha de Luna
Freire, professora do curso de mestrado em saúde coletiva da UFF. Será
no dia 12 de abril, às 10 horas, na sala 407 do prédio da expansão do
campus da Fiocruz em Manguinhos.
Fonte: Fiocruz
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